
Gabriel Delanne em sua extraordinária obra, A Evolução Anímica, tece considerações sobre os animais, sua inteligência e evolução. No capítulo II (pág. 61 da 4ª edição da FEB), vamos encontrar o seguinte trecho: "Do homem ao macaco, deste o cão; da ave ao réptil e deste ao peixe; do peixe ao molusco, ao verme, ao mais ínfimo dos colocados nas fronteiras extremas do mundo orgânico com o mundo inanimado, nenhuma passagem é brusca...Nesta hierarquia dos seres, o homem reivindica o primeiro lugar a que tem direito, mas isso não o coloca fora da série, e quer simplesmente dizer que ele é o mais aperfeiçoado dos animais".
Sabemos que os animais possuem não apenas a inteligência, mas também o instinto e a sensibilidade e considerando o axioma que diz que todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, temos o direito de concluir que a alma animal é da mesma natureza que a humana, apenas diferenciada no desenvolvimento gradativo.
Gabriel Delanne amplia ainda em seu livro, na questão 594: "Os animais têm linguagem?", e a resposta dos Espíritos a esta pergunta de Kardec foi: "- Se pensais numa linguagem formada de palavras e de sílabas, não, mas em um meio de se comunicarem entre si, então, sim. Eles se dizem muito mais coisas do que supondes, mas a sua linguagem é limitada, como as próprias idéias, às suas necessidades". Delanne descreve o exemplo do cão doméstico, diferente dos seus ancestrais selvagens, pois pelo processo das sucessivas reencarnações evolui, e recebendo do homem carinho e atenção age diferencialmente, aliás, Delanne cita: "Erasmus Darwin* nota que nos cães domésticos temos o latido da impaciência, como se dá em caçadas; o da cólera, um rugido; o uivo desesperado do prisioneiro e finalmente o da súplica, para que lhe abra a porta".
Eles usam a inteligência e a reflexão, não são apenas instintos no momento de apanhar a presa. Alguns sofrem muito quando abandonados por seus donos.
Algumas pessoas imaginam que admitir tal princípio equivale a rebaixar a dignidade humana.
Entretanto, não temos o que perder com esse paralelo a nós favorável, visto que é incontestável que um dado animal não pode nem poderá jamais encontrar a lei das proporções definidas, ou escrever uma peça teatral. Trata-se, simplesmente, de assentar que se o homem é mais desenvolvido que o animal nem por isso deixa de ser uma verdade que a sua natureza pensante é da mesma ordem, em nada difere essencialmente, e sim, apenas, em grau de manifestação.
*Erasmus Darwin - 1731-1802 - avô do naturalista Charles Darwin, escreveu o livro Zoonomia. Foi um dos mais notáveis médicos ingleses do seu tempo.
por Ana Gaspar
por Ana Gaspar
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